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Pensamentos

"É fácil apagar as pegadas... Díficil porém, é caminhar sem pisar o chão."

domingo, janeiro 24, 2010

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No hospital
Dizia nunca esquecerei, e hoje lembro-me. Rostos tornados desconhecidos,
desfigurados na minha certeza de perder-te, no meu desespero desespero. Como
no hospital, as pessoas passavam por mim como se a dor que
me enchia não fosse oceânica e não as abarcasse também.
No quarto, numa cama qualquer que não a tua, o teu corpo, pai.
Talvez distante, preso num olhar entreaberto e amarelado, respiravas ofegante.
O ar com que lutavas, lutavas sempre, gritava o
seu caminho rouco.
Pousei-te as mãos nos ombros fracos. Toda a força te esmorecera nos braços, na pele ainda pele viva. E menti-te. Disse aquilo em que não acreditava. Ao olhar amarelo,
ofegante, disse que tudo serias e seríamos de novo. E menti-te. Disse vamos
voltar para casa, pai vá, agora está fraco mas depois, pai, depois, pai. Menti-te. E tu, sincero, a
dizeres apenas um olhar suplicante, um olhar para eu nunca mais esquecer. Pai.

Escuro

A males das gentes revem se muitas vezes na ferosidade animal
os gestos doces tambem lá estão num sorriso mal entendido
ate escondido
serao as emoçoes apenas aspectos tao previsiveis no rosto da nossa alma?
estou leve, estou serena e calma
nao sinto dores nem me pesa o corpo
nao deito nenhum som mas grito ao mesmo tempo com todas as forças que de dentro me dão empurrões e me fazem pulsar o sangue
grito nao sei porquê...talvez por querer ajuda ou sera gritar de distanciar quem me estende a mão...um gesto universal de que duvido
nessinto me e fecho me no meu casulo...casulo meu forte e solitario...porque assim o imaginei e ele nasceu...
não sei se me protejo se me atiro feita louca contra as paredes
sabe me bem o sangue que por vezes escorre em feridas que abro para deixar sair o que esta preso...
e agora que penso de ser esta mulher?
que faço comigo de tao diferente que me dou e me conheço
duas aguas transparentes que nao consigo distinguir nem separar
estas mesmas correntes acordam e revoltam se sem aviso...
caiu ao mar... e a superficie fica gelada...nado e não consigo partir o gelo na tentativa desesperada de respirar e sobreviver...
complico me a mim...dentro de mim...nesta luta constante com fim anunciado tao cedo num raio de luz com informação contido na retina do olhar...
negros...de misterios...segredos contidos na janela do espirito
pretos... de certezas e de ambições
pretos... negros... brilhantes...brilho de esperança...
mas secos de água...de lagrimas derramadas num rosto destruido e desfeito pelo mesmo golpe fatal de sempre...
a derradeira chegada da morte...
tao cruel quanto os meus olhos negros...

Rain

A chuva cai gota a gota no meu telhado
Sinto o céu na terra e salto entre cada pinga até...
ao outro lado do mundo
Chego e pasmo com tanta magia flutuante
golfinhos deslizam e brincam em conjunto numa harmonia celestial
os seus sons embalam me num sonho acordado fazendo me querer ser um deles
fazer parte deles...
deslizam por entre as gotas
escondem me atras do nevoeiro e soltam gemidos de existencia
como que numa dança...numa forma privada de anunciar que estou aqui
que cheguei e que nao quero ir...
deixem me ficar...tenho bondade e ousadia no meu sentido
baleias voam lá mais em cima
onde tudo acontece porque é possivel
porque os sonhos comandam o mundo
não vejo ordem nem desordem...aponto no sentido da liberdade e sigo em frente destemida
sem nenhum escudo que me proteja
ergo me num esplendor de luz e deixo me guiar por fadas encantadas cor de mel
são tão lindas e perfeitas
pequenas flores são elas na primavera
o sol aquece uns coelhinhos mansos...tem as orelhas caidas para tras e narizes brancos de neve...olhos azuis de tranquilidade e pêlo suave coberto de paz...